Mariposa recebe inéditos escritos por mulheres

Parte do barato de editar literatura contemporânea é a possibilidade de descobrir textos que estavam guardados a sete chaves por seus autores e que mereciam ser compartilhados com o mundo. Normalmente vamos atrás do que queremos publicar diretamente e não abrimos chamadas para originais. Não é por nada: simplesmente temos pouca capacidade de ler tudo o que chegaria pela internet, essa cachoeira.

Consideramos que publicar é apropriar-se do discurso e o movimento cartonero nos ensinou que é importante cada vez mais quebrar os discursos hegemônicos do mercado editorial e sua lógica que impõe parâmetros de produto ao artefato cultural que chamamos livro; lógica que parece homogeneizar as prateleiras, esterilizar a criatividade e a invenção, mutilar a ousadia. Não temos nenhum interesse nessa lógica.

Por isso, este ano decidimos abrir mais uma vez a janela para os originais entrarem. Queremos publicar livros de poesia ou ficção escritos exclusivamente por mulheres, incluindo mulheres trans. Não chamamos de “literatura feminina” porque é só mais um rótulo das gôndolas. Diz muito pouco sobre a realidade de cada mulher que escreve. Escrita por mulheres, sim, porque elas têm muito, muito a dizer. E nós queremos ler. Agora.

Leiam as regras para submissão de originais e mandem brasa, garotas!

1. Buscamos textos inéditos de ficção ou poesia, escritos exclusivamente por mulheres, incluindo mulheres trans.
2. A chamada é aberta para textos em língua portuguesa, escritos por brasileiras ou não.
3. Os livros enviados devem ter entre 25 e 35 páginas em formato A4 (fonte Times New Roman 12, espaço simples).
4. Os livros devem ser enviados em formato .doc ou .odt para contato@mariposacartonera.com.br.br. Não receberemos textos impressos em papel. Há muito papel no mundo e você não vai querer piorar isso.
5. Cada escritora poderá enviar até 2 (dois) livros, sendo um de poesia e outro de ficção. Não serão aceitas obras mistas de poesia e prosa.
6. Não leremos textos que não se enquadrem nas características expostas acima.
7. Selecionaremos quantos livros acharmos que se enquadram com o perfil da editora.
8. Não responderemos pedidos de análise: divulgaremos apenas o texto selecionado e entraremos em contato com a autora para detalhes da edição.
9. A edição será bancada pelo Mariposa Cartonera. A autora receberá direitos autorais pela publicação e subsequentes reimpressões.
10. A previsão de publicação para o segundo semestre, mas será negociada com a autora.
11. Receberemos textos até 30 de julho de 2017. Depois disso divulgaremos o resultado. Fique atenta ao site e fanpage da Mariposa Cartonera, não envie emails perguntando quando sai.

Qual a tiragem dos livros?

Normalmente trabalhamos com tiragens pequenas, de 50 exemplares. Depois pode haver reimpressões.

Há algum tipo de contrato?

Os livros têm ISBN?

Embora não seja a proposta do movimento cartonero, que busca formas mais alternativas de circulação, nossos livros têm ISBN. De qualquer forma, acreditamos que os livros existem mais enquanto entidades culturais vivas que como códigos.

O lançamento do livro é por conta da autora?

O lançamento no Recife é por conta da editora, mas não temos como arcar a vinda da autora. A mesma coisa para lançamentos fora do Recife (como são edições muito pequenas, não conseguimos pagar os custos da viagem). Mas já fizemos lançamentos na França via Skype, por exemplo, com a plateia presencial adquirindo os livros.

É preciso pagar alguma taxa de inscrição para participar?

Não.

Como é a política de direitos autorais?

A editora arca com os custos da edição e repassa 10% do preço de capa para as autoras em livros ou em dinheiro (como preferirem). Todos nossos livros são registrados com uma licença Creative Commons (Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional, saiba mais aqui). Essa é a forma que acreditamos ser válida para propagar a literatura, sem explorar o conteúdo criativo nem incentivar a pirataria.

São de 25 a 35 páginas de texto corrido?

Não necessariamente. Se é um poemário e seus poemas são curtos, considere um por página. Se seu conto acabou, pule para outra página. Se é o fim do capítulo de sua novela breve, mesma coisa.

Parte dos textos pode ter sido publicada na internet?

Sim. O ineditismo é para publicações em livros, nenhuma proibição para publicação prévia em blogs ou redes sociais.